sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quem és tu mulher ?

(Imagem de Mehmet Emin Akkas )


Senta-te aqui...
Não quero, estou bem aqui sentada no chão, o fresco da terra húmida ajuda a diluir o aperto que sinto no coração.
Mas assim vejo-te as pernas e percorro-te as coxas com a imaginação ficando a desejar o fruto que me escondes para lá de tudo o que só posso imaginar. Anda, senta-te aqui perto de mim.
De que vale sentar-me próximo, se não me vês, não me sentes, nem me tocas? Tens medo que siga voando por esses céus onde a lua, muitas vezes só ela, é confidente daquilo que não te digo.
Quando foi que te perdi?
No momento em que o universo te disses para que me tocasses e não o fizeste. Somos um misto de tudo sabias? Desta terra que pisamos, dos desejos que sentimos, das lágrimas que choramos e das palavras que ocultamos até de nós próprios. As oportunidades perdidas são como pérolas encerradas dentro de ostras, fechadas, não saberemos nada da sua preciosidade.
Olho-te, és apenas um corpo, nem melhor nem pior que outros que conheci, mas encerras em ti algo diferente, que me atrai, que me amarra a ti como se fosses uma âncora que me leva ao fundo. Por favor, senta-te aqui...
Levantas-te , o teu jeito de garça com a graciosidade de ave que parte sempre à procura de um lugar melhor para abrigar o ninho.
Sentei-me e ouvi apenas a voz do silêncio. Preferia tempestades, a voz do vento o som da música, tudo é melhor do que o silêncio que nos uniu. Não vás...
O som de uma flauta enche o ar da noite, um som débil, de aprendiz, de criança que aprende a manejar um instrumento, para lhe extrair notas mágicas.
Não vou...mas também não fico. Sou como o teu desejo, tem olhos mas não me sabe ler, usa palavras que não consegue entender, esconde-se em vez de se orgulhar com o nosso querer... não vou, mas também não fico...
Escondeu-se na noite, entre as sombras, no silêncio cortado pelo aprendiz de flautista que sonorizou tristemente mais uma das suas idas.
Quem és tu mulher? Que me fazes nada saber do teu e do meu querer...


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