quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Move-te



E um dia acordas e vês tudo aquilo que perdeste, enquanto olhavas para o horizonte. À tua volta tudo se mexeu e tu, quieta, solitária como uma estátua ou um mimo humano onde só o sangue se move, perdeste algo insubstituível - o tempo em que podias ter transformado em sorrisos os desfiados momentos do relógio.
Move-te, mexe-te, ninguém espera por ti se não correres atrás do vento que trás noticias daquilo que queres ouvir.
O coração,  imperador do teu amor, bombeia incessantemente o liquido vital que te permite respirar. Imita-o, move-te, não percas o que depois de perdido, dificilmente se voltará a encontrar - a esperança... algures alguém espera por ti...move-te.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A música, o puzzle e as gargalhadas

O que me faz rir ?
O medo que ainda pressinto em ti, quando não sabes o que poderei fazer a seguir.
Gargalhadas ( suspiro )
A bem dizer, ainda me surpreendo, que te surpreendas.

Imagina um enorme puzzle, com demasiadas peças, para qualquer ser humano minimamente normal .
Agora imagina que metade delas não encaixam em lado nenhum ( agora imagino eu, aposto que já sentes vontade de dar um pontapé no maldito puzzle. Eu já )

E pronto cá estamos! Dá-me música que eu gosto.
Quando ao resto não sei muito bem como desembrulhar o presente, e o que fazer ao puzzle...

Mas dá-me música que eu gosto.

sábado, 25 de dezembro de 2010



A cair...
rasgas a roupa ao cair, partes as cristalinas partes que te compõe...
compões um Frankenstein e segues em frente
morta, zombie, retalhada em pedaços de morte ainda em carne viva
confusões, ilusões, empurrões
e eu...
sempre eu, a cair
partida em mil pedaços de um cristal 
solidão, retalhos de um todo que nunca foi nada, caídos, partidos em mil pedaços que a luz desfragmenta (ou desfragmentam a luz ), 
não sobra nada a não ser cor - ondas em frequências descoordenadas -, cor de mar, cor de mágoa e as ondas que me afogam em gritos de solidão
sem medo, sem dor, sem nada
gritos no escuro
onde outros sentam no trono que foi meu
o lugar vazio
em queda,
gritos na solidão
confusos destinos os que entram em solitários desconhecidos...
não subas! a escada não é tua
não me toques, o abraço não é teu
profetas de morte, mensageiros do inferno
no Hades, ardem os mistérios de outras eras
longe...longe...gritos na solidão!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010



Talvez escrever seja uma forma subtil de querer viver para sempre...
Talvez no começo, apenas desejasse segredar a mim própria o que não diria a mais ninguém; jamais.
Talvez, nos entremeios dos julgamentos - sem juiz, sem lei, sem rei nem roque - me tenha apercebido que a vida não se faz de amanhãs que não existem e nunca chegarão - um amanhã será para sempre um amanhã, nunca será um hoje.
Um hoje poderá não ser o tão especial dia em que tudo será diferente; mas é um hoje e é de hojes que se constroem vidas.
Nada está perdido enquanto a capacidade de amar estiver presente, e essa nasce connosco. Por mais enxuvalhada, enlameada, pontapeada que for, nunca será banida do local onde a plantaram, onde nasceu : no coração dos simples.
Força e coragem andam de mãos dadas nas passadeiras e nas bermas da vida; uma vez puxa uma, outra vez outra,  ambas levar-nos-ão pelos caminhos da eternidade, enquanto alguém se lembrar do BEM que fizemos.









Por falar em eternidades, dizem que é Natal
Sabiam?
Desejem uns aos outros amor e felicidade: abracem-se, deixem-nos saber que é Natal
Perdoem-se: de mal passado não se faz um presente - sem presentes não há futuros


Para todos um abraço que abarca o mundo



terça-feira, 21 de dezembro de 2010



Uma de muitas, nenhuma inteira, nenhuma completa; fantasmas de outras eras, embrulhados como folhas de papel velho, usado. Nessas folhas repousam histórias que já ninguém quer ler...
O que será ninguém sabe, ninguém poderá saber. Se me levanto, inteira? não sei, talvez levante velhas pontas, velhas pontes.
O que fica, alguém poderá um dia dizer: foi? não, não foi. Ficam apenas os fantasmas da dor.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

This is a dream



Abriste a porta e o horror entrou, percorreu a sala com o olhar e encontrou o canto ideal onde se esconderia para puder aterrorizar o resto dos teus momentos de descanso...
É a própria imaginação a tua única guerra, com ela ensaias terrenos de uma batalha que parece um jogo do 3º milénio. Personagens irreais dançam em movimentos electrónicos, com sentimentos humanos em cenários manipulados...


até que ponto tu consegues controlar os teus desejos, os anseios de uma virtualidade colada à relidade imprevista dos dias


A chave, algures dentro de ti encontrarás a chave...e a fechadura? O que abrirá a própria chave?


Mentiras ou jogo, amor, angústia, vida ou horas, simples milésimos segundos colados numa coleção de coincidências que vão servindo de suporte para construção dos dias, um a um, colando segundos uns aos outros que nunca poderiam ser primeiros porque a tua cabeça não e uniforme com o corpo.


Que sonho foi este?


Tempestade, furacão - tu ou a vida que criaste para ti- criaste? ou foi surgindo como as çalavras numa página de um livro que retiraste da estante ao acaso


Quem bateu à porta? quem foi?- Bateram ou tu abriste só por curiosidade?


O horror entrou, olhou a sala com curiosidade e encontrou um lugar perfeito para se esconder... e a sala é a tua própria cabeça. O horror permanece domado, amordaçado. 
Rompe com o que te faz humano e transforma a vida num jogo virtual, estátua de pedra, personagem super-heroi de um qualquer jogo de guerra...
quem ganha? quem ganhará?...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Viagens inter-especias



Entre Vénus e Marte, aí fica a Terra. Comprimida entre o amor e a guerra, tenta mostrar as suas cores de azul, céu e mar, verde de vida e esperança...comprimida entre o amor e a guerra.
E doutro mundo são aqueles que não pretendem viver nesse circuito que constantemente retoma os passos, os caminhos, as mesmas paisagens. Repetem-se instantemente, quando as palavras e situações estão gastas, vazias.   Loucos os que pretendem sair, viajar por outros espaços outros compassos.Procurando-se em órbita noutros planetas, abandonam o amor e a guerra que - nem um, nem outro - não levam a outro lado senão ao sofrimento.
Prefiro a palidez, quietude ( solidão se quiserem) de uma lua companheira de bons e maus momentos.
Procurem-me entre os anéis de Saturno, na imensidão de Júpiter, mas desistam de Venús ou Marte, comprimidos, cumpridores de péssimas viagens em torno de um sol que queima em demasia ou pinta de cores guerreiras ( é vermelho? é o que dizem...) quando misturado com demasiados gases tóxicos.
Detesto silêncios em órbita...apanhei o rasto de uma estrela cadente...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Curar-te



Há feridas que não têm cura. Acompanham-nos desde a mais tenra idade e prosseguem, tal como nós, pelos anos afim. De nada valem os pensos, as mezinhas, as tentativas infundadas de esquecer a sua presença. Tentamos esquecer a dor, mascará-la numa outra coisa, sempre que, por azar, volta sangrar.
Melhora, ás vezes parece até que vai curar, mas é uma eterna ilusão de vitória.
Não podemos ganhar sempre, não podemos sangrar sempre, com risco de ficarmos fracos, sugados para sempre pela eterna hemorragia de dores  de que ninguém sabe a verdadeira causa.
Tento eternamente curar-te...lembrando-te que a ferida faz parte de ti e que tens forçosamente que aprender a viver com ela, dê por onde der. Um dia, talvez, o seu tamanho simplesmente diminua e aí sim nenhuma dor de qualquer origem poderá de facto vencer-te...

Curar-te



Há feridas que não têm cura. Acompanham-nos desde a mais tenra idade e prosseguem, tal como nós, pelos anos afim. De nada valem os pensos, as mezinhas, as tentativas infundadas de esquecer a sua presença. Tentamos esquecer a dor, mascará-la numa outra coisa, sempre que, por azar, volta sangrar.
Melhora, ás vezes parece até que vai curar, mas é uma eterna ilusão de vitória.
Não podemos ganhar sempre, não podemos sangrar sempre, com risco de ficarmos fracos, sugados para sempre pela eterna hemorragia de dores  de que ninguém sabe a verdadeira causa.
Tento eternamente curar-te...lembrando-te que a ferida faz parte de ti e que tens forçosamente que aprender a viver com ela, dê por onde der. Um dia, talvez, o seu tamanho simplesmente diminua e aí sim nenhuma dor de qualquer origem poderá de facto vencer-te...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Das horas de frio

As horas desenrolam-se como novelos de lã, que se não forem tricotadas com laços precisos, nunca aquecerão os corpos nos dias de Inverno.
Quem vestirá a camisola???

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Conta-me histórias

http://www.youtube.com/watch?v=rOo48B7d3YA&feature=youtube_gdata_player

- Conta-me histórias...
E tu contaste. Histórias tristes, histórias falsas como todas as histórias que trazem consigo o pouco não do que foi, mas daquilo que achamos que é.
- As tuas histórias são feias, tristes, deixam-me embrenhada em problemas matemáticos e trigonometrias impossíveis de resolver.
-foste tu que me pediste as histórias..
- Não estas, queria outras, queria histórias daquelas de deixar água na boca, histórias de voar em cavalos alados. O que eu queria era reinventar todas as histórias com um fim triste, acordar as esperanças que adormecem já, há demasiado tempo nos braços dos anjos negros, que por caidos, esqueceram o número da porta da morada da felicidade.
- pediste me para te contar histórias, eu contei. Histórias de comédias em que ninguém riu sem ser eu, histórias de terror em que só alguém entrou em pânico, histórias em que a realidade é rainha, tal como na vida.
-Não me contes mais histórias, não gosto delas. Prefiro contá-las eu, como as quis, como as sonhei um dia. Histórias não passam disso mesmo e quando as misturamos com condimentos que não pertencem ao mundo das histórias, querendo cozinhar algo daí, envenenamos toda a possibilidade de sobrevivência, tal e qual um belo repasto de cogumelos, aparentemente inofencivos.
- e o que é que os cogumelos têm a ver com isto ?
- nada, mas assim percebes que há coisas que nunca deviam ser misturadas, por serem absurdamente ilógicas...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Reflexões em silêncio

O que é a morte ?
Será ela corpórea, ou simplesmente pequenos pedaços de nós que como frutos de uma árvore, se vão despegando e caindo ao chäo?

Já sem vida, sem vontade própria que lhe mantenham caracteristicas e propriedades, esses pequenos pedaços de nós , encarnam a morte que nunca é imediata, mas um acumular de pequenas perdas aqui e ali....

A morte em oposição à vida
Será que existe realmente esta guerra intrinseca de uma coisa contra a outra ? Fará uma parte da outra como etapa de passagem entre as diferentes caracteristicas da perceção da existência ou dos sentidos ?

Morre o amor? E Amor será vida, ou não será também a morte uma forma de amar o imprevisivel? Qual de nós não se apercebeu apenas na presença da morte o quanto uma situação, uma pessoa nos era essencial?

A morte tem fim terapeutico, pedagógico, sentimental. Lembra-nos a verdadeira importância das coisas e por isso a vida só chega ao seu valor supremo perante a morte.
Mas as perdas são ingratas, quem de nós saberá ou quererá perder? As perdas chegam-nos como consequências das nossas fragilidades. Mas é no perder e erguer de novo os olhos, o corpo, carregando os pesos das mortes e seguindo em frente, que se definem as forças de um vencedor.

No fim jamais haverão vencedores e vencidos, há apenas os que encaram a morte e a vida, as perdas e os ganhos, como faces de uma mesma moeda, que atirada ao ar tem iguais probabilidades de mostrar a cara ou apenas a coroa...

E cada um alegra-se nas probabilidades segundo aquilo a que dá mais valor

Mas o valor nada tem a ver com a vida ou a morte, porque estas são ambas a expressão , o alfa e omega, a manifestaçäo em bruto daquilo que é verdadeiramente o amor
Amará mais quem teimosamente agarra a vida, ou quem aceita resignadamente a intensa perda da morte, imortalizando assim o sentimento ?