terça-feira, 31 de agosto de 2010

Frágil Rosa do Japão




Já foi uma das minhas músicas favoritas. No tempo em que o único desejo que pedia às estrelas era ser feliz...
Muito simples. Tudo o resto será excesso...
perdi palavras, demasiadas, pelo caminho. Perdi vontades. Ganhei uma eu, desconhecida, cinzenta, que não conheço e com a qual não sei lidar.
Porra, tanta coisa nova ao mesmo tempo, eu que nunca gostei de demasiadas novidades ao mesmo tempo. Lenta,demasiado lenta em estruturar toda a informação. Tanta coisa que não conheço, com a qual não sei lidar, no fundo só me apetece fugir, deixe-me só fugir e esconder-me a observar como se fosse um bichinho assustado, deixem-me...sinto-me mais segura assim...
Quase como se tivesse nascido de novo, de um parto dificil, sou ainda demasiado nova para conseguir sequer gatinhar, quanto mais andar... O mundo é para mim um lugar desconhecido, novo, e o meu olhar deslumbra-se com tudo, como se tudo fosse uma nova oportunidade de aprendizagem, pessoal e social, muitos anos depois da hora certa.
Por enquanto preciso amar-me como uma frágil rosa do Japão precisa de muito cuidado...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Prova de amor

"... nada disto se pode provar..." logo nada disto existiu realmente...

Ficarão apenas a semente e a mazela...

domingo, 29 de agosto de 2010

Pronunciando silêncios




O meu barco perdeu o rumo desprovido que está do barqueiro mas espera ainda que o rio corra para o mar... e um dia chegará a esse porto mais que sentido.
Por agora apenas a voz de nascente limpida me permite ir vogando à deriva...entre pronuncios de morte.
Sentei-me nas escadas que espreitam o quintal. Ao fundo a música batuca com a fúria de uma festa brava. As luzes iluminam o céu e o movimento da rua lá atrás, que se transforma em avenida por estas alturas, incomoda-me, por isso venho para o quintal.
A velha laranjeira cumpre a sua missão perante a natureza. A luz da lua ilumina a ainda vistosa copa verde, agora já despida dos seus brincos laranja.
Lá dentro ela perde-se em pensamentos, tristezas e músicas, corredor acima, corredor abaixo tentanto arranjar justificativas para o que não tem justificação. E eu observo-a de longe sabendo que pouco ou nada lhe posso fazer quando se deixa chegar ao limite. Observo-a apenas, pois é essa uma das coisas que mais gosto de fazer, observar o mundo que se pôs ao meu redor e eu dentro dele.
Saímos por fim, hoje convenci-a a largar as quatro paredes que toma agora como fortaleza. O comboio urbano sai-nos ao caminho e já lá dentro o sorriso das crianças contagia-me, como se o simples gesto de acenar a quem fica pudesse ser uma alegria suprema.
Chegamos. Os rostos são em maioria os mesmos, mas o tempo vai pintando com vários tons, aprofundando ou não detalhes como se esta fosse uma tela nunca acabada. As pessoas são como as marés vão e vêem e a cada nova vinda trazem algo de novo e a cada nova ida levam algo insubstituível.
Julgo saber alguma coisa, mas se realmente me der conta pouco ou nada sei e a ignorância implica-me com o ego, sempre assim foi.
Ela continua por ali, à minha volta, quase imperceptível. Sei no que pensa. Conheço-lhe ou julgo na minha ignorância conhecer-lhe o que lhe vai por dentro. Foi esse feitiço da lua que a tornou assim e que ela julgou puder caber num livro. Mas é maior, muito maior que qualquer conjunto de folhas, letras ou palavras. Não por ser importante mas por ser o mundo para ela, sentimentos podem trocar-nos as voltas e virar as rodas da vida do avesso.


sábado, 28 de agosto de 2010

Agradecimento



Cheguei a agradecer? não sei se alguma vez por simples palavras conseguirei agradecer-te pelo que  me fizeste. É certo que o mundo é demasiado redondo, dá demasiadas voltas sobre si mesmo e em volta do sol... demasiadas para se poderem contar ou até tentar tomar consciência disso.

Detesto culpas. A culpa não sendo explicita é apenas um espinho para cravar quase sempre no coração dos inocentes. Ninguém poderia imaginar que seria uma viagem para dentro da minha própria lixeira e que no fim ficaria a perder. Ninguém poderia imaginar que o deserto seria tão comprido e que seria eu o camelo destinado a atravessá-lo, carregada e sem água.

O dia sucedeu à noite e nova noite precederá ao dia e o mesmo cansaço demasiado grande para conseguir contabilizar, mantém-se apoderado do meu corpo que ficou frágil sem que eu o supusesse. As palavras saem em esforço quase que obrigadas a interagir com o que o rodeia e este mar que há em mim, turbolento maçador, revolveu as areias do pensamento e tomou conta da terra...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A natureza de se ser

O silêncio reina na casa outra vez, não porque o queira por cá, mas porque o rádio velho e gasto companheiro de longas esperas, de muitas labutas, de horas e horas gastas em chegadas, visitas e partidas, se calou. Nem todo o vil metal carcereiro pagará por ora um valoroso substituto do fiel companheiro.
Agora só a música presente nos meus ouvidos, na minha mente, preenche essas horas vãs, em que vento atenta contra as paredes da casa, encontrando por enquanto ali, uma valorosa inimiga.
Não terei medo jamais, mesmo ouvindo-lhe os gritos e silvos, calado que ficou o meu velho companheiro que me espantava o medo. Confio nas paredes desta minha casa para me protegerem dos pronúncios de tempestade.

E as paredes serão meus pilares, traves mestras testemunhas desta luta do ser contra a natureza de se ser

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sussurros pesados



É este peso que me colocaram nos ombros, é a tua voz que me sussurra segredos indecifráveis a ouvidos mudos. É a música que me rouba palavras que agora não consigo dizer simplesmente porque o meu corpo não obedece às minhas ordens mecanizado que está para se manter em movimento sozinho. Apago a luz, só o som e a tua voz me preenche os espaço vazio e aguardo serenamente  que o por do sol  me traga a energia que me sugam os dias...

domingo, 22 de agosto de 2010

O tempo do Universo



Em silêncio proferi palavras que jamais deixaria que dançassem ao som de qualquer frase. Sozinha olhei o céu e as estrelas, esperando que um milagre permitisse que ao fechar e voltar a abrir os olhos a minha vida simplesmente se transformasse numa outra coisa qualquer...
E fui ficando, magoada, acorrentada... e as horas passaram e com eles os dias e o piscar de olhos que na contagem de tempo do Universo embora demore um instante a passar, na contagem de tempo da vida humana, leva um certo tempo. As correntes enferrujaram... as palavras arranjaram forma de encontar o seu próprio espaço para dançarem com o som das frases. Ainda olho o céu, pedindo que tudo se encaixe, tudo se suavize ainda e só um pouco mais. Peço que a timidez dê lugar às palavras certas no local exacto no tempo correcto... sabendo que a contagem de tempo do Universo não se rege pela tabela de tempo de uma vida humana...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A rosa do deserto




Sou uma rosa no deserto. Nascida da mais improvavél aridez, a água que me alimenta não é mais do que lágrimas que brotam dos meus próprios olhos. Sonhando com dias quentes e noites estreladas, transformei a paisagem que me envolve na mais monótona de todas as paragens... O vento levanta o pó de areia e nada sobra...mudando as acumulações de lugar, subindo e descendo como uma verdadeira ondulação, á volta tudo fica igual...A rosa cresceu acreditando na cor vermelha e descobre que não passa de uma amarela pálida. Perene como todas as rosas, a força da natureza vai acabar por me dobrar. E assim se redescobre alguém, e se vê que não se é o que se pensava ser... Em hibernação sonhei sonhos desses de voar, de percorrer o mundo... desperta do meu sonho, descubro a secura que se instalou ao meu redor , que as mudanças da luz alteraram a minha própria cor e que nada já é o que parecia poder ser.


Podia dizer tanta coisa, mas palavras sussurradas atravessam o espaço e podem servir de palavras mágicas para abrir a gruta do medo... e assim não digo nada quando não sei quem me ouve...

talvez possa percorrer o meu deserto em caravana com o vento e um dia, guiada pelos desejos que só as estrelas ouviram numa noite já distante o mar me venha de novo banhar e acariciar os pés, dando por terminada a minha travessia do deserto.

a rosa não nasceu murcha, mas murchou algures no longo caminho percorrido sem agua...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

De braços abertos



A minha noção de braços abertos é diferente da maior parte das gentes, porque eu sou diferente da maior parte das gentes, ou assim me faço acreditar por ser mais cómodo para mim e para aqueles que me olham com desconfiança quando começo a querer por por fora muito do que vai cá dentro...

 Sou com uma chuva continua que abarca a terra de braços abertos e lhe faz brotar a vida. Sou como sol que aquece de braços abertos e faz crescer com força o que outros semearem. Sou como a brisa leve que ninguém vê mas leva a semente no ar, que poliniza a distância que o acaso mandar. Sou o ponto escondido ditando o que ninguém quer esquecer. Sou a folha de um caderno em branco onde irão escrever a mais bela história... Sou as reticências, o que fica por dizer, o parentesis que explica qualquer condição... sou a atriz secundária num papel que enaltece o heroi e a heroina, de braços abertos, sou o lado B de um single que toda a gente ouve... de braços abertos sou aquela que se esconde na sombra para que a luz brilhe no lugar certo...

O mapa e a folha em branco



O carro estampou-se há uns anos...era o meu carro, velocidade de cruzeiro. A estrada era larga e mesmo assim fui albarroada, andei às voltas...voltas e voltas até parar virada do avesso. Soube nessa altura o que era a boa vontade de estranhos, que me tiraram lá de dentro em braços e me ofereceram ajuda... e só nessa altura soube o que era não ter ninguém que me valesse. " Quer telefonar?..." . Para quem?? não tenho quem me venha buscar... a opção foi a mesma de sempre... Kilómetros de distância não impediram os meus de me virem buscar.
E então?? para que serve o resto?... para nada, mas mesmo assim insisti até ser tarde demais...


Do pouco ou nada se faz muito, é essa a minha religião. Tudo o que é demasiado mundano nunca me interessou, se não se fizer disso prioridade nao aparecerá na minha lista de desejos ordenados, porque simplesmente nunca por lá esteve. Não sou de modas porque a moda nunca me influenciou como pessoa que tento ser a cada dia. É a procura de ser sempre melhor que me impulsiona, mas houve em algum lugar uma disrrupção e a exigência passou a ser maior do que a minha capacidade de auto-controle. Sinto-me como uma máquina a quem se exigiu um esforço sobre-humano e que foi largando peças que agora não se encontra o lugar e em que outras simplesmente já não servem para nada por excesso de esforço.
O mapa era falso, não tinha um tesouro no lugar X, mas uma folha de papel em branco como se me dissesse que o tesouro é aquilo que eu lá quiser encontrar, sem conjugação lógica de um mundo material. Não posso acrescentar nada, porque o essencial, foi perdido há muito e nem consigo perceber onde deixei, impressionada que estava com o mapa do tesouro. Olho para trás e o caminho percorrido é-me desconhecido porque simplesmente não o vi, mas conheço o mapa de cor, cada ranhura, cada traço, cada linha... Resto eu, o mapa inútil e uma folha em branco...

domingo, 15 de agosto de 2010




Todos temos os nossos segredos, sonhos, aspirações... no fim tudo não passa de uma mistura de realidades e sonhos que nos mantém estruturados, inteiros, humanos até. Quantas vezes, tantos dos nossos sonhos não passam disso mesmo, tão só uma chama ardente que nos permite ver sempre uma luz ao fundo do túnel quanto tudo em nossa volta parece querer ruir. Outras vezes são esses sonhos que nos permitem fazer as realidades do dia a dia e é neles que vamos buscar forças para nos mantermos de pé, lutando com as armas que possuimos ou julgamos possuir. Porque no fundo é isso que interessa...não o que temos fisicamente mas o que sabemos nosso, muito para além das leis da fisica ou do racionalmente correcto. A vida é uma mistura desporporcionada que coisas que são, fisicamente e de outras que sendo não passam de quereres tão poderosos que têm capacidades de mover montanhas e barreiras visiveis e invisíveis... e no fim só isso interessa a capacidade de querer mais durante mais tempo, a capacidade de lutar por mais durante mais tempo.
É por isso que o amor é tão poderoso, apesar de o ver vencer todos os dias á minha volta, também o vejo perder por falta de esperança. Quem sabe se não era assim tão verdadeiro... não sei...sei que o meu tem ganas de eterno. De tão poderoso que é por vezes sufoca-me de tanto viver de esperança...talvez seja esse o segredo da caixa de Pandora, é preciso acreditar sempre, manter a chama da esperança acesa para conseguir fechar todas as desgraças na caixa...
Este é o meu presente para ti, aquele que me ama... as mãos abertas sem mais nada além do meu amor e da minha esperança...
Diziam-me ontem que as palavras têm poder...sorri... quase que gargalhei...se há pessoa no universo interiro que sabe o poder das palavras esse alguém sou sem sombra de dúvida eu...

sábado, 14 de agosto de 2010

O preceito era ouvir música e falar com as mãos...mas nem sempre os preceitos devem ser seguidos. Quando assim não pode ser, por motivos que a razão desconhece mas que o coração agradece...
Não consegui escolher uma música que me tirasse dos ouvidos a que ouvi hoje, nem cantar consegui, e tentei...tenho vindo a tentar por entre todo o trânsito que me impediu de chegar a casa mais cedo mas não há palavras cantadas ou música que me tire a que tenho nos ouvidos.
Tanto tempo...tanto tempo... e sempre a mesma música, certeira, ritmada, que me entra no ouvido em sussurros e segredos e fica cá lentinha ou forte e bate ao compasso certo de cada batida cardiaca. Tanto tempo...tanto tempo e outra que tenha ouvido não consegue superar este som angelical. E então um cumprir de um sonho de quem fala com os olhos e de quem ouve com o coração, e então o cumprir de um sonho de quem ama essa música muito para além da razão...
E então eu espero, serena, calma e em silêncio contido... eu espero que nasça o dia em que essa música se transforme em vida nos meus sentidos...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010



O amor é uma ilusão, não existe realmente. O amor é apenas uma forma de nos projectarmos noutra pessoa pensando egoisticamente que a estamos a venerar...

terça-feira, 10 de agosto de 2010



A vida tem uma forma perversa de cumprir desejos. Nada é simples, recto ou até o verdadeiramente desejado. É deturpado de forma a que se consigam ver os vários ãngulos de uma mesma coisa. Será isso o sentido divino de perspectiva?? Ou apenas uma brincadeira de peões num tabuleiro que não se sabe a identidade dos jogadores. E a vingança existirá realmente ou não será mais uma ilusão de óptica em perspectiva retorcida? ou sera apenas a vida agarrada à lembrança??
E pela primeira vez fico sem palavras, a palavra vingança engasga-me na garganta e martela-me na cabeça há algum tempo. Terá sido isso ?? Porque de sonho pouco mais teve que uma conclusão de caixa vazia, como se a esmola tivesse sido levada por um qualquer ladrão esfomeado...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010



O outono chegou mais cedo e levou com ele o que restava de vida que ainda pulsava. A escuridão toma conta daqui em diante. Foram as asas de um qualquer anjo que lhe levaram o que sobrou. O corpo fica, como tronco de árvore morta para que dela se alimentem os bichos. Mas o tempo passa, as estações, e no fim da missão, nada mais restará a não ser o local onde alguém um dia plantou uma semente...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010




Gostava tanto de saber onde é que as musas guardam as bolas de cristal...por certo que as têm porque só elas conseguem cantar o ainda está por vir...sereias na imensidão de um mar sem fim, que rebenta continuamente a sua força nas areias da praia que o acolhe...
Espuma e pó de sal, eis o que sobra em cada século, mas o importante permanece, simples, como se mais nada fosse necessário...porque foi do movimento incessante das ondas que nasceu a vida que hoje abarca a terra inteira...