quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A rosa do deserto




Sou uma rosa no deserto. Nascida da mais improvavél aridez, a água que me alimenta não é mais do que lágrimas que brotam dos meus próprios olhos. Sonhando com dias quentes e noites estreladas, transformei a paisagem que me envolve na mais monótona de todas as paragens... O vento levanta o pó de areia e nada sobra...mudando as acumulações de lugar, subindo e descendo como uma verdadeira ondulação, á volta tudo fica igual...A rosa cresceu acreditando na cor vermelha e descobre que não passa de uma amarela pálida. Perene como todas as rosas, a força da natureza vai acabar por me dobrar. E assim se redescobre alguém, e se vê que não se é o que se pensava ser... Em hibernação sonhei sonhos desses de voar, de percorrer o mundo... desperta do meu sonho, descubro a secura que se instalou ao meu redor , que as mudanças da luz alteraram a minha própria cor e que nada já é o que parecia poder ser.


Podia dizer tanta coisa, mas palavras sussurradas atravessam o espaço e podem servir de palavras mágicas para abrir a gruta do medo... e assim não digo nada quando não sei quem me ouve...

talvez possa percorrer o meu deserto em caravana com o vento e um dia, guiada pelos desejos que só as estrelas ouviram numa noite já distante o mar me venha de novo banhar e acariciar os pés, dando por terminada a minha travessia do deserto.

a rosa não nasceu murcha, mas murchou algures no longo caminho percorrido sem agua...

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