terça-feira, 28 de junho de 2011

Jamais serás perdido, mesmo que quebrado, partido...



                            Num sopro de amor...
                               Uma vida...pétalas de dor...
Em segredo ficam sonhos, lembranças, horas, dias... esperanças perdidas...
Por um segundo marcado, um destino traçado, linhas que se cruzam nas mãos, caminhos errados.
Onde ficaram as expectativas, as forças investidas?
Acreditar. O amor vencerá.
Um dia alguém te encontrará, e lá, nada ficará perdido, nada terá ficado escondido.
Histórias de horror também fazem parte do esplendor que é o segredo da vida.
Por vezes contida em fronteiras incertas, rasgadas, erradas... ninguém entende. Ninguém compreende.
Uma flor colhida prematuramente do jardim da vida guardará para sempre o esplendor do desabrochar, algumas em especial, serão eternas no seu perfume, no seu eterno estar.
Tal como um amor verdadeiro... uma vez sentido nunca mais será perdido, mesmo que quebrado, partido.




Em singela homenagem ao Angélico

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O que é a vida. Amor?

http://www.youtube.com/watch?v=JMxp6Up-6-I&feature=youtube_gdata_player

É noite e a luz da lua cobre com o seu nobre manto pálido, numa coloração semi-gelada o calor que a Terra ainda evapora.
- Sonhas...
-Como sempre...
- Com que sonhas?
- Com um país edílico onde a natureza terreste faz amor, permanentemente, com o cosmos que a envolve.
- Fascina-te a natureza...
-Sempre, toda ela. A perfeição dos corpos, animais e vegetais, assim como dos corpos celestes. A dança contínua entre a quimica e a física, que se atraem e repelem num movimento incessante que produz energia...a criação ( biologica, psicológica, até a menos lógica) a mística dos segredos da perfeição matemática, as propriedades curativas escondidas na natureza combinadas com as cabalas e as superstições. Tudo o que abarca a vida me fascina.
- E o que é a vida?
Olhei-te. A pergunta não se enquadrava no quadro de referências que tenho de ti. Não que seja de ideias pré-concebidas, mas pressenti uma pergunta interna e não uma conversa comigo ( não é costume).
- Diz-me feiticeira, o que é a vida?
A vida meu amor, a vida é simples. A vida é o que temos dentro de nós. Esta magia que nos deram à nascença e que cada um utiliza ou desperdiça como quer ( calei-me, não te respondi, não sabia se era isto que te queria dizer). Acendi as velas que repousavam em cima da mesa. As purporinas do copo, com a luz, brincavam e espelhavam-se no tecto do alpendre jogando às escondidas com as sombras.
- Vês? A vida é como este copo com esta vela lá dentro. Se a vela estiver apagada, se não lhe dermos luz, nunca poderemos imaginar a beleza que produz, quando se reflecte nas purporinas.
- Essa tua forma de olhar a vida é utópica, já pensaste nisso?
- Já, penso nisso todos os dias e agradeço esta utopia que me invade. Foi a utopia que levou o Homem para lá do mar, para lá da terra, para lá do ar e até para lá das suas próprias barreiras e limitações internas. É a utopia que me faz amar, que me faz amar-te.
Calaste-te, nunca te tinha dito explicitamente, porque há coisas que se vêm e se sentem mesmo sem haver palavras que as definam... embora as palavras marquem, para sempre, o que acontece.
- São bonitos os teus copos, dão um efeito engraçado à luz das velas.
- ...
- Está bonita a lua hoje, e este calor, apetece estar no alpendre.
- ...
Depois foi o céu, e a lua, as estrelas, o chão ( nem sempre é duro o chão) as purporinas a dançar com as sombras nas paredes, o calor, o suor e a tua respiração.
Depois fomos nós e a natureza e os corpos, celestes, entre quimicas e fisicas...foi a vida, a utopia e a vela que ardeu até não sobrar nem mais uma sombra de prazer naquela noite.


Aquários da escrita ( até ao fim dos mundos)

http://www.youtube.com/watch?v=IMEx4dSdxwI&feature=youtube_gdata_player


-Escrever, o processo, implica que me estejam constantemente a chamar.
-Faz como eu não escrevas,
diz. Devagar as palavras saem
as certas, as necessárias,
que o superfulo deve ser eliminado, na lógica da economia. Um processo,
como qualquer outra coisa
só chama quem lá está para ouvir.
- Enganas-te, demasiadas vezes, escrevendo, chamei quem não queria presença.
- Explica-te melhor, não te entendo.
- Nem tu, nem a maioria das pessoas...repara que escrevendo, chamas a ti os que conheces, os que imaginas, os que crias, os que foram os que não foram os que serão e os que não serão. São, se reparares, uma multidão.
- E o que fazes tu a tanta gente?
- Como te disse, estão constantemente a chamar-me enquanto escrevo. Falar não adianta, já que não existem a não ser nas minhas linhas. São como peixes num enorme aquário. Nadam para cá e para lá, borbulhando palavras, chamando a minha atenção para situações que crio ou criei ou poderei criar.
- E sentem os teus peixes?
- Sentem-se com o mundo que lhes dou.
- Como as pessoas, que se sentem com o que lhes fazemos ou com o que lhes dizemos.
- Sim, se o vês assim... a minha escrita é um laboratório de experiências sentimentais, fechado entre as paredes de um aquário onde os meus personagens peixes me fazem viver e sentir , nadando entre as ilusões criadas por metáforas da existência de todos nós.
- És de facto estranha...
- Sou mulher, e como todas as mulheres não me encerro numa única dimensão. Redimensiono mundos à medida do sentimento, economizando recursos, nos processos que me permitem percepcionar o que foi, o que quero e o que será.
- E os peixes?
- Os peixes...os peixes são como as pessoas, abrem e fecham a boca para viver e sentem-se sempre que o ambiente se altera...



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Levito





Levito. Sempre que as ideias se encadeiam como fios de cabelo, que, sem direcção precisa, se enleiam em complicados nós de instinto, sentimentos e razão, levito.
Perco o meu peso no ar, nesse ar que nos sustenta a vida. O ar. O ar de quem não sabe definir a direcção dos pensamentos.
Penso em ti. Levito. Medito nesse teu ar, com que me respiras. Com que me fazes entrar e sair da tua vida.
Fazes sentir-me. Leve. É o que sou na tua presença. Ostentas o meu coração com que sustentas o meu sentir... e levito. Subo, acima de qualquer realidade pois o sono é leviano na tua ausência. E os cabelos enleiam-se como os pensamentos, enovelando os ciúmes em rolos que vais esticando sempre que entras e sais. E levito, porque me quero leve, porque me quero eu. Porque quero o meu leito, na tua ausência ou na tua presença. Sou eu, a mesma. Tu vais, o meu coração fica. O corpo pode chamar, o ar pode até faltar. Mas eu fico e levito, deixando o cabelo desembaraçar-se lentamente das ideias que me prendem.
Entras e sais lentamente, inspiras e expiras, sou tua totalmente e o meu corpo pede-te fora por momentos, para aumentares novamente o prazer com a tua presença...levito. E sou a mesma contigo ou sem ti, aqui...






quarta-feira, 22 de junho de 2011

Danças?



Danças?
Não sei dançar...
Não sabes? ( risos descontrolados, de quem goza despropositadamente com o que se desconhece poder desconhecer)
Como é que não sabes dançar? toda a gente sabe! É só mexer o corpo, levantar os pés do chão, deixar a música entrar em ti, tomar conta dos pensamentos. O resto vem depois... lentamente a música fará as tuas sinopses e deixas de ser tu, mas a música, que controla todo o teu sistema, percorrerá todos as mínimas terminações que darão as ordens ao corpo para se mexer. Tu não tens que fazer nada, só ouvir.
Olho com os olhos demasiado abertos e a expressão assustada de quem não entende nada do que acabou de ouvir. Tentava ligar todas os passos do que me fora ensinado:
Ouvir a música, deixá-la entrar na cabeça... ou seria no corpo ou nos ouvidos? (como se faz isso, como tenho a certeza que entrou, e estarei a ouvir o que os outros ouvem?a fazer os movimentos que são devidos?)  E mexia-se o quê mesmo? os pés?
Deste-me a mão descontraida.  Dei o primeiro passo... foi quando a senti ( não entrou como me disseras, mas percorreu) o coração apresentou-se e sentia-a tão minha amiga como tu o és. Não precisei de ordem mental, nem de recordar. Precisei apenas, como numa sincera amizade, que fosse eu. Um pé, um braço, movimentamo-nos as duas, eu e a música, sem pedir licença ou perdão por um movimento desconjuntado, é apenas sensação, movimentação...
Podes fechar os olhos, não vais cair. Agora que a deixaste entrar, a música forma um ser apenas, com cada um de todos nós. Chama-se libertação, quando deixas de pensar naquilo que tens que fazer e fazes só aquilo que te permites pensar...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Vida de feiticeira

http://www.youtube.com/watch?v=2OoLHfo1QD0&feature=youtube_gdata_player

Voamos? Sim voamos.
Saimos de casa pela manhã, como pessoas normais. A nossa rotina, não se enquadra nas filas de trânsito, nem no calor demasiadamente apinhado de humanas (in)consciências.
Voamos.
Não passamos por marginais, nem autorotas de kilometros sempre iguais.
A nossa paisagem é construida por montanhas e vales, países desconhecidos, criamos caminhos por onde a nossa imaginação espreitar.
Não trabalhamos. Empregamos a nossa imaginação em prol do que é necessário ser feito. Um sorriso, um papel, um feitiço, um ensinar a amar e a trabalhar, sem o esforço de um não gostar.
Voamos.
Cruzam-se vidas, choros, mágoas, sorrisos, por entre os sonhos que sonhamos viver e as vidas que vivemos sonhando.
A mulher que fala demais, mesmo ao teu lado ( peru, engalanado em vesperas de dia de Páscoa ) e ris, fingindo atenção e coração às palavras que se sobrepõem sem nada dizer. O homem de olhar apagado que não diz o que lhe vai por dentro e tu lanças o balde, procurando a água no fundo do poço. Pessoas, passagens, entradas e saídas.
O dia passa, numa rotina sem tino, e montas de novo o teu barco que voa e voltas...
A casa.
Como foi o teu dia? Crianças, que misturam o que foi com o que podia ter sido.
O que é ser adulto?
É saber levar sempre consigo, pela mão, durante o longo voo que é a vida, as experiências supersensíveis que misturam o ser com a magia de poder fazer tudo acontecer.
É esta vida de uma qualquer feiticeira...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

So(m)bras

Sobra...
Sobra sempre alguma coisa.
Sobro eu...
Sobra o que resta do que não se consumiu.
Sobra o orvalho da manhã nos meus olhos, quando o frio da noite vai embora. Sobram os restos da noite quando o lençol em desalinho demonstra a ausência do sono.
Sobram as formas da escuridão quando em pleno dia se faz sombra.
Sobramos nós, sempre que mais nada há a dizer.
Sobra a vida...
Essa a que nada podemos impor a não ser vontade. Sobram as escalas que o homem inventou para te poder medir, nos poder medir. O tempo, a ampulheta que te oculta em contra-relógio o quanto sobra...
Sobram os medos de não chegar, de não fazer, de não ser capaz ( e o orvalho que não seca, o sol que não vem, as sombras que não chegam no pino do calor).
Sobra a compreensão que para tudo há o seu jeito, o seu tempo ( o tal, que aprisionámos ! - quem eu? porque me chamas homem se nunca o fui e abomino o tempo,malvado - em ampulhetas e monitores e ponteiros que só apontam um eterno rodar, um eterno a circular )
Sobra tudo o que ficou por fazer, o que ficou por dizer, como sobra o orvalho que pouco a pouco, com o calor do dia que volta, se evapora para voltar mais tarde.
Não sobrou nada. Talvez um punhado de terra a mais onde as sombras virão descansar do calor, ou onde alguma ave se aproveite do que sobrou da semente. De novo há-de sobrar... dias, horas, palavras para se dizerem.
Dir-me-ás que não sobra nada? Ou resta ainda um pouco de orvalho na madrugada, que humidifique o que insistimos em querer secar? É do tempo que não nos sobra... ( o amor que fica, a vida que passa. E de nós? Se nos escondemos, se nos prendemos ao circulo do tempo, não sobra nada ) .

domingo, 19 de junho de 2011

Lembro a agua que escorria da fonte, acompanhada do barulho tempestuoso que da minha compreensão de menino fazia cinzentas as ideias imaginadas e o dia mudo .
Os silêncios que guardo das incompreensões, das perguntas nunca feitas das palavras nunca ditas são como cascatas de letras desconjuntadas em palavras sem sentido que se acumulam nas lembranças e a que falta sempre uma peça que ninguém se lembra onde pôs.
- Páras sempre que por aqui passas...
É porque me lembro dela, dos seus silêncios, de como olhava sempre embevecida , a fonte, como se menina fosse também, como se as minhas dúvidas fossem as suas. E os silêncios...esses silêncios que se escondiam entre as pausas das demasiadas palavras , que de tantas, tão juntas, para se aquecerem, para nos aquecerem , nada diziam, Perdiam-se na multidão de letras e sentidos e esvaziavam-te de culpas, ou solidões ou o que foi que nunca soube. Perguntas sem resposta...
-Nunca me disseste realmente, porque paras sempre a olhar a fonte quando aqui passas?
Perguntas sem resposta... não olho a fonte , olho-a a ela, tentando por uma ultima vez compreender os segredos que se escondiam, por entre as palavras que dizia incoerentes com o que os silêncios escondiam.
Olho a fonte, como se a olhasse a ela. Como se a pergunta, de onde vem tanta água ? A água é sempre a mesma filho , fosse a resposta a todos os enigmas, encriptando em si o segredo das nossas vidas.
Que água continhas tu mãe? Que eras sempre a mesma , que de mim sabias os segredos que não dizia e de ti não soube nada. Tal como a água, que jorrava da fonte em aspecto tempestuoso, e era sempre a mesma , também tu, parada a olha-la ( a água? a vida? ) parecias conter em ti tempestades... perguntas sem resposta...
- Deixa lá a fonte! Ainda perdemos o autocarro.
Perdi... perdi-te... nos olhos recordo as águas contidas, o beijo na testa
- Vá! À tua vida, que eu cá me arranjo. Um aceno apenas, e um mundo de silêncios entre as comuns palavras de despedida. Metade de um país de distância e sei-te um mundo de solidão sem uma unica palavra.
Quem foste tu afinal? Quem serei eu se não te souber a ti que me sabes de cor.
De que servem as palavras, quando nos däo tudo o que somos mas no fim não dizem nada ? E tu mãe, de que fonte bebias tu, mulher que foste...
Um ultimo olhar à agua que escorre enquanto o autocarro arranca. Toca o telemóvel.
- Olá mãe, como foram os teus dias?


Nada.

Abriu-se um fosso...
Choveu. O espaço inundou-se de uma água lamacenta, escura, onde nem as imagens que se reflectiam conseguiam brilhar.
Nasceram peixes ( de onde vieram os peixes se nada nasce do nada e para tudo há um pouco de dois, mesmo que seja do mesmo, mas de género diferente?) . Morreram os peixes, asfixiados pela água parda, escura, onde nada se reflectia e que ninguém sabia como oxigenar.
Secou a água. Ficou o mesmo buraco negro, sem função.
Nada que nasce do acaso tem vida longa. Onde nada se reflete nada estará. O oxigénio que alimenta a vida, faz colorir o que dele se alimenta.
O nada jamais se multiplicará...

Um lugar

...E partes, à procura do teu lugar, sabendo que o sitio que deixas para trás jamais será o mesmo.
Os livros, que ficam na prateleira encher-se-ão de pó. Os que te acompanham deixam o espaço em vazio. Um buraco, entre o que parece arrumado.
Abres a janela. Deixar entrar o sol uma ultima vez, para que ilumine o quarto que ficará vazio.
A árvore, os pássaros, o som do trânsito a que te foste habituando, cada vez mais ( o hábito, o trânsito) com o passar dos anos.
Quão longe terás de ir, para encontrar a tua casa?
O que terás que percorrer, para encontrar de novo um lar?
Mundos e mundos lá fora e o teu aqui, retalhado, deixado em bocados, porque tens que partir...
Uma mentira. Procures o que procurares, só achará beleza, a mentira, nos olhos de quem a conta...por isso partes. Procurando um lar, longe. Tão longe que nem sol, nem mar, nem trânsito, nem memórias te o passam roubar...

http://www.youtube.com/watch?v=5qgEibGY6VE&feature=youtube_gdata_player

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Falar/calar

Resguardamo-nos no silêncio, como quem põe um casaco num dia frio.  As palavras são nobres, o silêncio é sábio. Falar pode ser uma aposta incerta, calar pode ser um envelope fechado, onde uma carta importante repousa, sem que se descubra o seu conteúdo.
Falar/ calar... há quem ponha música nas palavras, tornando-as mais leves, engana-se o silêncio com um melodioso tom de dizer nem sempre o que se quer ouvir. Ah! a música, a melhor amiga de quem não suporta silêncios mas não sabe como resguardar as palavras do nocivo efeito da interpretação.
Falar/calar...a eterna decisão de quem pretende uma sã, sólida e verdadeira razão. O silêncio é sábio, as palavras são nobres. Humano em seu explendor é quem utiliza esta capacidade única do ser gente da melhor forma, alternando silêncios e acertadas palavras em proporções correctas ao exercicio da pura reflexão.
Fere e interfere quem desconhece o poder de ambas. Falar/ calar... e a música no ar, sempre pronta a ajudar