terça-feira, 9 de novembro de 2010

Voltarei



Distâncias, incontroláveis desafios do espaço que atravessam fronteiras, barreiras intemporais. Perto estamos a milhares de km, longe, juntos no mesmo abraço. Ou simplesmente se faz da imaginação realidade e da realidade imaginação, como se quebrassem as dimensões interpostas por o que se julga material mas é intemporalmente finito.
Promessas, farrapos de palavras que talvez tenham tido significados imediatos, mas que se vão desfiando como os fios de uma velha camisola, que teve todo o uso que poderia ter tido
E mesmo assim as distâncias apertam, doem na garganta e na memória as palavras ditas sem que ninguém as ouvisse, nem eu. A saudade garante-me que as houveram, as palavras, a mente sussurra-me lembranças de sonhos, pesadelos, imaginações que se misturaram em tempos em que o sono e a vigília pouca diferença faziam.
O telhado ruiu, e nos escombros que sobraram encontro pedaços do que fui, do que era, do  que será. E encontro-te ainda, num velho retrato que nem precisava lá estar, porque há imagens que guardamos, aquelas que nem a perda forçada de memória podem varrer ao empurrarem a sujidade que se quer limpar.
Não volto a querer promessas, não volto a querer, distâncias forçadas por um destino incontrolado, incontrolável, pedaços doidos de um amor, que como todos, marca a ferro e fogo lembranças. Corpos que se amaram na distância de um sonho (in)compartilhado ou apenas ilusão. Mas eu voltarei a uma casa, a um tecto, a algo que seja um eu.

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os teus pozinhos de perlimpimpim